A Família Sá Leitão de Açu-RN é originária da descendência de Joaquim Saboia de Sá Leitão (N. Aracati-CE 1844, F. Açu-RN 1910). Chega a Açu em 1865, deixando uma linhagem de 13 filhos em dois casamentos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PADRE AMÉRICO

Américo Vespúcio Simonetti
Neto de Joaquim de Sá Leitão
Filho de Maria Augusta de Sá Leitão Simonetti


PADRE AMÉRICO
Por Pe. João Medeiros Filho

Conheci Padre Américo, em meados de 1957, quando acompanhava Dom Eliseu Mendes em visita a cidade de Jucurutu para verificar as obras da construção da maternidade daquele município, erigida com recursos da Missão Rural. A vida nos aproximou novamente na década de sessenta, após a minha ordenação. Como coordenador da pastoral da Diocese de Caicó, encontrávamo-nos sempre nas reuniões da província. Sua preocupação era traduzir o Evangelho numa linguagem acessível. Queria a Igreja de Mossoró, sob o impulso do concílio Vaticano II, perto do povo, sem ser populista. Pretendia uma liturgia viva, participada e inculturada, sem destruir o seu encanto e mistério próprio das coisas sagradas. Aspirava por comunidades de mãos estendidas, imitando Cristo morto na cruz de braços abertos, num gesto de quem deseja tocar os homens e o mundo.


Dom Gentil Diniz, em sua sabedoria, percebeu o valor de Pe. Américo e o trouxe de Açu para Mossoró, confiando-lhe novas tarefas, desenhadas com amor e criatividade. Aliás, este era um de seus carismas. Monsenhor Américo inovava sem descaracterizar. Trazia o novo sem destruir o velho. É próprio dos sábios. Cristo também trouxe o evangelho sem aniquilar a cultura do seu povo. Ao contrário, trouxe-a para dentro da realidade da sua Boa Nova. O amor de Américo pela Igreja foi tão grande, que o fez renunciar ao episcopado. Atitude incompreendida, à época, fazia parte do seu temperamento e vocação. Os profetas não são talhados para a administração. Um bispo é teólogo e pastoralmente administrador. Américo era pastor e profeta. Talvez os compromissos episcopais o impedissem de criar e renovar. São Jerônimo foi um dos primeiros a não aceitar o episcopado, pois queria dedicar-se exclusivamente à tradução da Palavra de Deus. Américo agiu de modo semelhante, dezesseis séculos depois.

Servidor de Cristo e da Igreja, padre Américo foi para muitos consolo e esperança. Quem conhecia e se aproximava do monsenhor, lembrar-se-á daquilo que disse o Mestre: vinde a mim vós todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mt 11,28). Para muitos, ele trouxe esperança e ânimo para carregar a cruz de cada dia, fonte de vida, paz e libertação. Padre Américo foi um sacerdote piedoso sem se tornar piegas, um homem terno sem manifestar fraqueza, um padre cheio de doçura sem transparecer condescendência.

Monsenhor Américo entendeu que a paróquia deve ser espaço de evangelização e ajuda aos irmãos. Foi pensando assim que reformulou a festa de santa Luzia. Para ele, era importante que ela fosse também um lugar de descoberta de Cristo, que caminha aparentemente desconhecido ao nosso lado – como acontecerá aos discípulos de Emaús, quando as palavras do Mestre ardiam em seu coração e os convidavam a abrir os olhos para o ministério da Vida e da Ressurreição.

O que encantava em monsenhor Américo era sua inteligência e simplicidade, seu jeito de ser discreto humilde e piedoso. Ao conversar com ele, parecia que estávamos ouvindo santo Agostinho, bispo de Hipona: Senhor, torna-nos capazes de viver com amor nossa vocação, como verdadeiro enamorados da beleza espiritual..., não como escravos subjugados por uma lei , presos a costumes e tradições, mas como homens livres guiados pela graça divina.






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