A Família Sá Leitão de Açu-RN é originária da descendência de Joaquim Saboia de Sá Leitão (N. Aracati-CE 1844, F. Açu-RN 1910). Chega a Açu em 1865, deixando uma linhagem de 13 filhos em dois casamentos.

domingo, 17 de outubro de 2010

LAPINHA

LAPINHA OU DRAMA PASTORIL

“Foi encenada pela primeira vez na cidade do Açu, em 1898, pelo brilhante e progressista Sr. Joaquim de Sá Leitão, que deve ter legado a seus filhos e netos, dentre eles, o Padre Américo Simonetti suas belas origens.
A peça primitiva, de origem portuguesa, proveio de Aracati no Ceará, onde o Sr. Joaquim de Sá Leitão, entusiasmado, assistiu o lindo drama natalino, trazendo-o para o Açu. Mais tarde, indo ao Ceará, conseguiu ali uma nova versão, que até hoje permanece na lembrança do povo do Vale do Açu.”

(Fonte: Lembranças e tradições do Açu. Maria Eugênia Maceira Montenegro, Ed. Fundação José Augusto, 1978. p.114)

Foto do carretel utilizado na lapinha ainda existente na Casa Sa Leitão


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Lapinha
Seg, 29 de Março de 2010 15:50
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco


Enquanto o presépio representa uma das tradições natalinas, assim como a árvore-de-Natal, a lapinha (ou pastoril) ainda se encontra bem conservada, particularmente no Nordeste do Brasil.

Câmara Cascudo ressalta, em seu Dicionário do folclore brasileiro, que, por tradição, a Sagrada Família se recolheu a uma caverna (uma lapa ou gruta), tendo lá nascido o Menino Jesus. Vem, daí, o termo lapinha. Diz o folclorista, ainda, que a lapinha é a denominação popular do PASTORIL, com a diferença de que era representada a série de pequeninos autos, diante do PRESÉPIO, sem interferência de cenas alheias ao devocionário.

Por lapinha, segundo Cascudo, seria denominado o pastoril que se apresentava diante dos presépios, ou seja, o grupo de pastoras que faziam as suas louvações na noite de Natal, cantando e dançando diante do presépio, divididas por dois cordões – o azul e o encarnado, as cores votivas de Nossa Senhora e de Nosso Senhor. Em outras palavras, tratava-se de uma ação teatral de tema sacro.

Somente por volta do século XVI, ou seja, três séculos depois de ter sido criada a simbologia do presépio, é que a dramatização da Natividade, com danças e cantos, teve o seu início. Entoada diante do presépio, a lapinha, do final do século XVIII até o princípio do século XX, exibia-se diante do presépio, cantando e dançando em igrejas ou residências particulares, divididas em cordões encarnado e azul.

O desvirtuamento da lapinha acentuou-se em 1801, quando o bispo de Olinda protestou contra as pastorinhas, pela alta percentagem de mundanidade que escurecera a transparência inocente dos doces autos antigos.

Antigamente, a lapinha era também representada por um arcabouço de ripas, onde se viam entrelaçados ramos de folhagens de pitangueira e de canela, que perfumavam o ambiente, sendo enfeitadas por rosas e cravos. Na atualidade, a lapinha é o ramo profano da representação dramática da Natividade, relacionando-se mais às iniciativas leigas, por ocasião do Natal. Neste sentido, representa mais um simples teatro popular, sem as comemorações religiosas do nascimento de Jesus.

Na Idade Média, afirmava-se que Jesus havia nascido em uma lapa (uma espécie de gruta ou caverna), a morada dos primeiros homens. Por essa razão, foram criadas as lapinhas. Estas se modificaram, segundo Câmara Cascudo, perderam a religiosidade de outrora, assimilaram costumes africanos e indígenas, tornando-se um auto profano, passando a incluir danças modernas e cantos estranhos ao auto. Hoje, ressalta o folclorista, os termos lapinha e presépio são considerados como sinônimos.

Recife, 16 de novembro de 2004. (Texto atualizado em 19 de março de 2008).
Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br

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