“Foi encenada pela primeira vez na cidade do Açu, em 1898, pelo brilhante e progressista Sr. Joaquim de Sá Leitão, que deve ter legado a seus filhos e netos, dentre eles, o Padre Américo Simonetti suas belas origens.
A peça primitiva, de origem portuguesa, proveio de Aracati no Ceará, onde o Sr. Joaquim de Sá Leitão, entusiasmado, assistiu o lindo drama natalino, trazendo-o para o Açu. Mais tarde, indo ao Ceará, conseguiu ali uma nova versão, que até hoje permanece na lembrança do povo do Vale do Açu.”
(Fonte: Lembranças e tradições do Açu. Maria Eugênia Maceira Montenegro, Ed. Fundação José Augusto, 1978. p.114)
Foto do carretel utilizado na lapinha ainda existente na Casa Sa Leitão
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Lapinha
Seg, 29 de Março de 2010 15:50
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Semira Adler Vainsencher
Pesquisadora da Fundação Joaquim Nabuco
Enquanto o presépio representa uma das tradições natalinas, assim como a árvore-de-Natal, a lapinha (ou pastoril) ainda se encontra bem conservada, particularmente no Nordeste do Brasil.
Câmara Cascudo ressalta, em seu Dicionário do folclore brasileiro, que, por tradição, a Sagrada Família se recolheu a uma caverna (uma lapa ou gruta), tendo lá nascido o Menino Jesus. Vem, daí, o termo lapinha. Diz o folclorista, ainda, que a lapinha é a denominação popular do PASTORIL, com a diferença de que era representada a série de pequeninos autos, diante do PRESÉPIO, sem interferência de cenas alheias ao devocionário.
Por lapinha, segundo Cascudo, seria denominado o pastoril que se apresentava diante dos presépios, ou seja, o grupo de pastoras que faziam as suas louvações na noite de Natal, cantando e dançando diante do presépio, divididas por dois cordões – o azul e o encarnado, as cores votivas de Nossa Senhora e de Nosso Senhor. Em outras palavras, tratava-se de uma ação teatral de tema sacro.
Somente por volta do século XVI, ou seja, três séculos depois de ter sido criada a simbologia do presépio, é que a dramatização da Natividade, com danças e cantos, teve o seu início. Entoada diante do presépio, a lapinha, do final do século XVIII até o princípio do século XX, exibia-se diante do presépio, cantando e dançando em igrejas ou residências particulares, divididas em cordões encarnado e azul.
O desvirtuamento da lapinha acentuou-se em 1801, quando o bispo de Olinda protestou contra as pastorinhas, pela alta percentagem de mundanidade que escurecera a transparência inocente dos doces autos antigos.
Antigamente, a lapinha era também representada por um arcabouço de ripas, onde se viam entrelaçados ramos de folhagens de pitangueira e de canela, que perfumavam o ambiente, sendo enfeitadas por rosas e cravos. Na atualidade, a lapinha é o ramo profano da representação dramática da Natividade, relacionando-se mais às iniciativas leigas, por ocasião do Natal. Neste sentido, representa mais um simples teatro popular, sem as comemorações religiosas do nascimento de Jesus.
Na Idade Média, afirmava-se que Jesus havia nascido em uma lapa (uma espécie de gruta ou caverna), a morada dos primeiros homens. Por essa razão, foram criadas as lapinhas. Estas se modificaram, segundo Câmara Cascudo, perderam a religiosidade de outrora, assimilaram costumes africanos e indígenas, tornando-se um auto profano, passando a incluir danças modernas e cantos estranhos ao auto. Hoje, ressalta o folclorista, os termos lapinha e presépio são considerados como sinônimos.
Recife, 16 de novembro de 2004. (Texto atualizado em 19 de março de 2008).
Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br
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